Autor: Dr. von Mühlen

Médico Reumatologista e Patologista Clínico, especialista em clínica médica, reumatismos, doenças autoimunes e técnicas de diagnóstico laboratorial.

Pílula do câncer reprovada outra vez

Público alvo: leigo.

Novos testes da fosfoetanolamina, a ‘pílula do câncer’, divulgados ontem no site do Ministério da Ciência & Tecnologia, apontam que a substância é ineficaz: não houve qualquer melhora em camundongos com câncer — os tumores continuaram a crescer. Em avaliações anteriores, divulgadas em março de 2016, especialistas apontaram que a pílula, desenvolvida e produzida na USP de São Carlos, teria baixo grau de pureza e não seria capaz de matar células tumorais em ensaios in vitro.

Em suma: não há qualquer evidência de utilidade da fosfoetanolamina em tubos de ensaio, em animais de experimentação ou em humanos, além do efeito placebo.

A tecnologia e os valores humanos da Medicina

Público alvo: técnico e leigo.

O grande problema da medicina clínica é a confiança que se necessita estabelecer na relação médico-paciente. Ou o médico é um ótimo ator e tem grande competência técnica, ou o encontro clínico não terá os resultados como se gostaria.
Entram em jogo aqui os efeitos placebo e nocebo. Uma pílula de medicamento não é uma pílula qualquer, igual a milhões de outras produzidas pelo laboratório. Uma pílula é sempre o medicamento mais a expectativa do paciente após o encontro médico. Em outras palavras, é a pílula farmacológica mais o médico que o paciente está engolindo naquele momento.
Vendo o paciente
De fato, médicos falam de “ver” pacientes, enxergar a profundidade de suas queixas, sua vida e sua alma. Recente editorial no Wall Street Journal chamou a atenção para o fato que o curso de Medicina nada mais é que uma série de lições visuais: desmembrar um cadáver e dissecá-lo até que se pareça com lâminas do Atlas de Anatomia, conferências sem fim em que órgãos humanos interconectados são mostrados como máquinas e esquemas.
E o problema se torna claro: o médico perde o foco, seu ato de ver se estreita no paroxismo, passa a ver o corpo como uma coleção de partes e perde a noção da pessoa à sua frente.
Parece ser um fato que médicos treinados em áreas humanísticas – e há vários médicos músicos, por exemplo – têm uma compreensão inata do paciente como um todo. Desde Hipócrates (400 AC) gerações de médicos foram ensinados a procurar compreender pacientes a partir das forças benéficas e deletérias em sua vida, seu contexto familiar e social, trazendo o balanço para o lado da saúde.
Pacientes se tornaram números
No entanto, por mais de 100 anos a tendência da Medicina vem sendo a de ter médicos cientistas, grandes utilizadores de avançadas tecnologias (modernos antibióticos, equipamentos de imagem sofisticados, procedimentos invasivos os mais variados, cirurgias robóticas). E os médicos responderam a este chamado como seria de se esperar em mentes despreparadas: afastaram-se do paciente, de sua compreensão como ser humano.
Os pacientes viraram um relato de caso, números, estatísticas, rotulados por códigos métricos e índices os mais variados.
Como aceitar uma consulta de poucos minutos em que o médico olha apenas para a tela de seu computador, como me relatou uma cliente? E não apenas o paciente sai frustrado, as consequências vêm para o lado do profissional também, com vários médicos abandonando a medicina clínica, fazendo concursos, trocando de profissão, partindo para cargos administrativos e outros afazeres.
Pergunte a um médico se ele aconselharia seu filho a fazer Medicina nos dias de hoje.
O futuro no passado
A comunicação entre médico e paciente deve voltar a ser humanizada e madura, com a compreensão aprofundada de cada pessoa que se apresenta com seu sofrimento. A tradição médica é a do profissional que olha seus pacientes nos olhos e chega à profunda compreensão de sua dor e sofrimento. Conforme Hipócrates:

“Curar algumas vezes, aliviar outras, consolar sempre”.

Perseguir situações como as da frase acima são dever do MÉDICO, em maiúsculas.

Como regenerar cartilagens na artrose (osteoartrose, osteoartrite)

Público alvo: técnico.

A terapêutica da artrose se volta cada vez mais às células tronco e às diversas maneiras de estimular condrócitos a regenerar e refazer lesões da cartilagem articular.

Uma forma “caseira” de estímulo à formação de neocartilagem na artrose é representado pelos preparados chamados PRP (Plasma Rico em Plaquetas), com resultados variáveis. Aplicação em períodos mais precoces das lesões e em pessoas mais jovens oferecem os melhores resultados, mas muitos pacientes idosos se beneficiam.

Várias empresas comerciais se lançam no momento à terapêutica celular da artrose. Abaixo material informativo de uma delas, Tissue Gene Inc, com estudo em fase II de TGF-Beta 1 como estimulante em condrócitos modificados.

Infelizmente ainda temos alguns anos de espera até podermos aplicar estas novas tecnologias em nossos pacientes.

TG-C (CARTILAGE)

TG-C is an allogeneic (donor) cell therapy involving human chondrocytes (cartilage cells) that have been genetically modified to produce the therapeutic growth factor TGF-ß1 and has been developed to induce cartilage regeneration in patients with osteoarthritis. Chondrocytes, when stimulated by the transforming growth factor beta 1 (TGF-ß1), have been shown to play a critical role in both the formation and maintenance of articular cartilage by regulating the homeostasis of the hyaline cartilage matrix. Due to lack of blood supply to the joints, articular cartilage is limited in its ability to repair itself, often leading to the joint degeneration observed in osteoarthritis. The knee joint typically endures the most extensive cartilage damage from constant weight bearing activities and therefore has been the company’s primary focus. Currently, a Phase II study in the US and a Phase IIb study in Korea are being conducted to evaluate the safety and efficacy of TG-C in patients with severe osteoarthritis of the knee.

Delivered through a local injection, TG-C offers a non-invasive therapy that treats not only the symptoms but also the causes of osteoarthritis through the regeneration of cartilage. TG-C involves a mixture of unmodified and modified human chondrocytes engineered to express the growth factor TGF-ß1. Cartilage regeneration by the modified chondrocytes has been shown to be significantly enhanced by the co-injection of unmodified chondrocytes at the site of degeneration. These results suggest that production of TGF-ß1 by the modified chondrocytes serve to stimulate both the unmodified chondrocytes of TG-C and the patient’s own chondrocytes to produce the components necessary for hyaline cartilage matrix formation. By providing a mixture of modified and unmodified chondrocytes, TG-C has been specifically developed to provide the key elements – cartilage cells, TGF-ß1 protein, type II collagen and glucoseaminoglycans (GAGs) – critical to regenerate the hyaline cartilage matrix and optimize articular cartilage repair.

Technology Platform: Cell therapy
Therapeutic Protein: TGF-ß1
Function: Cartilage regeneration
Indication: Knee osteoarthritis
Delivery Method: Intra-articular injection
Development Stage: Phase II

 

Como dormir melhor num vôo de larga distância.

Público alvo: leigo.

A curiosidade é grande por parte de vários conhecidos: como viajo tão frequentemente ao exterior e chego inteiro ao destino?

O segredo é uma boa noite de sono, se é que isto é algo possível e realizável nos assentos dos jatos que cruzam os oceanos.

Como replicar o sono reparador de nossa cama em casa? Aqui minhas dicas, aprendidas a duras penas nos últimos 20 anos e com 1,5 milhão de milhas voadas:

  1. Barulho. Vento e ruido dos motores criam o oposto das melhores condições para dormir. A solução barata: plugs de ouvido, encontráveis em qualquer loja de utensílios nos aeroportos internacionais.A solução melhor: fones de ouvido com tecnologia de eliminação de ruidos. Há várias marcas no mercado, as melhores a partir de US 300,00. Uso um modelo BOSE há anos, basta trocar a pilha.
  2. Luz. Mesmo com as janelas fechadas, há sempre alguém com luzes ligadas ao lado, ou as telas no assento da frente jorrando luz toda a noite. A solução é uma só: tapa-olhos, tipo máscara do Zorro. A diferença é flagrante, mas mesmo assim por algum motivo vejo poucos passageiros utilizando.
  3. Turbulência. Esta não há como evitar, pois tudo depende do piloto e de São Pedro. A sugestão é pegar um assento sobre as asas, onde o balanço é bem menor que perto do bico ou da cauda do avião. Sente em uma gangorra e você entenderá rapidamente os motivos. Também você pode escolher aviões maiores, que jogam bem menos. E, é claro, sempre estar com o cinto de segurança afivelado.
  4. Ar seco. A sensação é conhecida, você acorda no meio da noite com a boca seca, sonhando que está comendo aveia liofilizada. E o nariz com muita coisa querendo sair. O motivo é a umidade relativa do ar de deserto nos vôos em grande altitude. Por que? Para a estrutura do avião sofrer menos, pense na oxidação de partes metálicas bem maior nos climas mais úmidos, por exemplo. Novos aviões como o Boeing Dreamliner 787 são feitos de materiais compostos, e voam com umidade do ar de 10 a 15%, muito melhor que os 7% das aeronaves tradicionais. Possíveis soluções: além de se manter bem hidratado, com uma garrafinha de água ao alcance da mão, use batom protetor de lábios.
  5. Álcool. Você fica um pouco anestesiado e parece que o sono vem mais fácil após um aperitivo, um Prosecco ou um bom vinho. Mas o rebote é certo no meio da noite, porque o álcool tende a desidratá-lo. Estudo recente da Universidade de Londres mostra que a primeira fase do sono é de mais qualidade com o uso de álcool, porém a segunda metade é disruptiva. Dica: sustente-se no primeiro copo, se isto é indispensável, ou não beba álcool. De novo, uma garrafa de água mineral à sua frente é garantia de matar a sede quando ela certamente vier.
  6. Roupa. O que você veste para dormir em casa? Roupas abotoadas, com zíper, na moda? Um pijama folgado, pelado? Pois no avião prefira roupas folgadas e em camadas, de fibras naturais. E sem esquecer algo para aquecer os pés, se viajar com sandálias ou calçado aberto.
  7. Estímulos. Um filme ou série de TV na tela à sua frente, com altas emoções e muita violência, é convite certo para atrasar seu sono. Prefira uma película água com açúcar, talvez você já durma em meio à mesmice do enredo. Ou então abra um bom livro ou revista.
  8. Assento. Há quem prefira o corredor para melhor acesso a curtas caminhadas e ao banheiro. Eu prefiro sempre uma janela para poder encostar a cabeça, faz toda a diferença. Até porque o sujeito ao lado não me pede licença para levantar.
  9. Remédios. Há quem dependa sempre de uma boleta medicamentosa para dormir. Como não uso, não tenho comentários próprios a fazer aqui. Como médico, não vejo problema em tomar um sedativo de curta ação, principalmente se você é o protótipo do passageiro medroso ou apavorado de estar dentro de uma lata de alumínio que voa.
  10. Circulação. Prevenir tromboses venosas é fundamental, dado o risco de embolia pulmonar no destino. Uma doença grave e que pode ser letal. A chance de uma flebite ocorrer em vôos de larga distância não é desprezível, amplificada pela desidratação comentada acima. As soluções: ingerir uma aspirina de baixa dosagem antes de entrar no avião, ou um clopidogrel (Plavix, etc). Usar meias elásticas. Fazer caminhadas curtas nos corredores da aeronave também é muito bom. Exercícios na poltrona para os mais obsessivos (várias revistas de bordo têm sugestões de contorcionismos enquanto sentado). Algumas pessoas com tromboses venosas prévias devem conversar com seu médico para fazer injeções de heparina de baixo peso molecular antes de cada vôo. Vale sua vida!
  11. Oxigênio. Após 6h de vôo a taxa de saturação de oxigênio no ar interno cai consideravelmente. Este é um dos grandes motivos para ocorrência de jet lag na chegada, com dores de cabeça, sensação de cansaço intenso e dores no corpo. Algumas empresas tentaram vender oxigênio enlatado sob pressão, para inalação com máscara durante o vôo. Não vejo paassageiros com a engenhoca. Vamos ter que esperar melhores soluções para este problema.
  12. Horário. Esta aprendi com um piloto de fórmula 1 que vive nos vôos intercontinentais: assim que sentar no avião, afivele o cinto e mude o horário de seu relógio para o fuso horário da chegada. Psicologicamente chega-se ao destino já no horário local. Parece simples demais, e assim o é. E muito efetivo, experimente.
  13. Outras possibilidades. Fragrâncias de lavanda no avião poderão fazê-lo dormir melhor. Dioscorides na Grécia antiga já usava lavanda por seus benefícios medicinais. Na Tailândia se demonstrou que o ritmo cardíaco diminuiu, também a pressão arterial, com a fragrância. Na Alemanha, chá de lavanda foi aprovado como tratamento de insônia.

E, em último caso, não durma! Coloque seu trabalho ou suas leituras em dia. Boa viagem!

O teste da goma de mascar na arterite temporal.

Público alvo: técnico.

Menos de 50% dos pacientes com arterite temporal apresentam claudicação da mandíbula ao mastigar. Este número pode estar sub-representado, como mostra Carta ao Leitor no NEJM desta semana. Os autores mostram 2 casos que justificam a aplicação do teste da goma de mascar na suspeita de pacientes com a doença. Após 2 a 3 min de mascar um chiclete surge forte dor na área temporal afetada.

Além de estetoscópio, aparelho de pressão, oftalmoscópio, diapasão, martelo de reflexos e um grande discernimento, o reumatologista praticante necessitará ter estoque de gomas de mascar no consultório.

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Depressão e ansiedade são sintomas que pioram a artrite reumatóide?

Público alvo: técnico e leigo.

Depressão e ansiedade são sintomas altamente prevalentes em artrite reumatóide. Trabalhos científicos sérios dão conta que 15% dos pacientes artríticos apresentam depressão. Um número muito maior que os 5% da população em geral.

Sintomas de ansiedade são também frequentes na artrite reumatóide, um estudo mostrando prevalência de 25% após aplicação do GAD-7, questionário validado para o sintoma (“Generalised Anxiety Disorder – 7”).

As implicações da artrite reumatóide para a qualidade de vida são imensas. Sintomas psicológicos mais intensos estão associados a maior dor, piora de fadiga, uso de serviços médicos e maior risco de mortalidade prematura.

As relações entre saúde física e mental são bidirecionais. Maior estresse psicológico infla os relatos subjetivos de dor e impacta comportamentos de saúde, como má adesão aos medicamentos e volta ao hábito do fumo. Afora isto, desordens mentais comuns estão associadas à desregulação imune.

Estudos recentes mostram relação longitudinal, prospectiva, entre depressão e sintomas da artrite reumatóide: estados de depressão pioram a dor e a atividade da doença, reduzindo então a eficácia dos tratamentos. Estresse psicológico prediz maior atividade da doença por instrumentos de uso comum como o DAS28, também reduzindo a chance de atingir remissão clínica – pelo menos após 2 anos de follow-up. Mas os estudos são esparsos e nem sempre da melhor qualidade técnica.

Pesquisa publicada há poucos dias tenta jogar maior clareza nas equações descritas. A contribuição dos autores está na conclusão: índice DAS28 inflado, na presença de marcadores laboratoriais normais, pode estar refletindo problema psicológico subjacente, com aumento de dor articular não-inflamatória, não refletindo assim atividade real da artrite. As implicações para a correta conduta médica nestas situações são claras.

Abaixo o resumo do artigo.

Are depression and anxiety associated with disease activity in rheumatoid arthritis? A prospective study.

Matcham F, Ali S, Irving K et al. BMC Musculoskeletal Disorders BMC series – open, inclusive and trusted 201617:155 DOI: 10.1186/s12891-016-1011-1

Background

This study aimed to investigate the impact of depression and anxiety scores on disease activity at 1-year follow-up in people with Rheumatoid Arthritis (RA).

Methods

The Hospital Anxiety Depression Scale (HADS) was used to measure depression and anxiety in a cross-section of RA patients. The primary outcome of interest was disease activity (DAS28), measured one-year after baseline assessment. Secondary outcomes were: tender joint count, swollen joint count, erythrocyte sedimentation rate and patient global assessment, also measured one-year after baseline assessment. We also examined the impact of baseline depression and anxiety on odds of reaching clinical remission at 1-year follow-up.

Results

In total, 56 RA patients were eligible for inclusion in this analysis. Before adjusting for key demographic and disease variables, increased baseline depression and anxiety were associated with increased disease activity at one-year follow-up, although this was not sustained after adjusting for baseline disease activity. There was a strong association between depression and anxiety and the subjective components of the DAS28 at 12-month follow-up: tender joint count and patient global assessment. After adjusting for age, gender, disease duration and baseline tender joint count and patient global assessment respectively, higher levels of depression and anxiety at baseline were associated with increased tender joint count and patient global assessment scores at 1-year follow-up.

Conclusions

Symptoms of depression and anxiety have implications for disease activity, as measured via the DAS28, primarily due to their influence on tender joints and patient global assessment. These findings have implications for treatment decision-making as inflated DAS28 despite well controlled inflammatory disease markers may indicate significant psychological morbidity and related non-inflammatory pain, rather than true disease activity.

A história da Reumatologia

Público alvo: técnico.

Sabe daqueles arquivos que se encontra ao acaso, ao “folhear”o computador num dia de chuva forte?

A árvore abaixo é de todo interessante para termos idéia da evolução do pensamento reumático/reumatológico, iniciando no catarro reumático dos gregos e chegando aos modernos conceitos de doenças autoimunes. Gota e febre reumática foram das primeiras entidades reconhecidas pelos médicos antigos, a gota com sua descrição clínica completa já vista por Hipócrates no século IV AC.

Vem-me à mente a célebre frase: “Sou grande porque repouso sobre ombros de gigantes”. Vejo-os em todos os galhos.

History tree rheumatology

Neuropatia diabética: pontos importantes para guardar.

Público alvo: técnico.

São comuns em pacientes diabéticos as queixas de pés amortecidos, queimação durante a noite, perda dos chinelos sem se dar conta. A eletromiografia nem sempre é diagnóstica, eis que não detecta neuropatia de fibras finas. Controle da doença, observância da dieta mais adequada, fisioterapia para ganho de sensibilidade proprioceptiva, assim evitando quedas, e uso de medicação são os pontos mais importantes no tratamento.

Recente publicação no NEJM destaca os pontos-chave desta frequente complicação. Veja que a causa pode ser o próprio uso de antidiabéticos orais, uma vez que metformina causa depleção de vitamina B12.

Qual o interesse para o reumatologista? O diagnóstico diferencial de sintomas de neuropatia periférica em pacientes com doenças sistêmicas autoimunes inflamatórias, que também estejam em tratamento para diabetes mellitus. Pacientes de frequência quase diária nos consultórios reumatológicos.

KEY CLINICAL POINTS

Diabetic Sensory and Motor Neuropathy

  • Symptoms of distal symmetric motor and sensory polyneuropathy may be “positive” (manifested as sensations of tingling, burning, or stabbing pain) or “negative” (manifested as sensory loss, weakness, or numbness). These symptoms occur in one third of patients with type 1 or 2 diabetes.

  • Decreased sensation confers a predisposition to painless foot ulcers and to amputations. Proprioceptive impairment leads to imbalance and unsteadiness in gait and to an increased likelihood of falls and serious traumatic injury.

  • Laboratory testing should be used to rule out other causes of neuropathy, including vitamin B12 deficiency, which may occur with metformin use.

  • Lifestyle interventions (diet and exercise) may restore nerve fibers, and exercises that improve strength and balance may reduce the risk of falls.

  • Medications most commonly used in pain management include anticonvulsants (particularly gabapentin and pregabalin), tricyclic antidepressants, and serotonin–norepinephrine reuptake inhibitors.

  • Treatment choices should take into account coexisting conditions, such as insomnia, depression, and anxiety.

Diabetic Sensory and Motor Neuropathy. Aaron I. Vinik, M.D., Ph.D. N Engl J Med 2016; 374:1455-1464 April 14, 2016 DOI: 10.1056/NEJMcp1503948

Por que o Dr. Google não é um bom médico? (Nem chegará a ser).

Público alvo: leigo.

Muitos pacientes me perguntam porque não há um programa para diagnóstico médico no computador. Bastaria colocar os sintomas, uma cólica na barriga, uma dor de cabeça atrás do ouvido, estrelinhas nos olhos… e a tecnologia faria o resto: diagnóstico e tratamento na tela em um átimo de tempo.

Quando a Sra. Maria D’Ávila saiu do médico com indicação de uma cirurgia para seu mioma que sangrava e lhe trazia anemia, entrou na Internet e foi direto ao Google.

Em verdade isto não é algo novo, adeptos já consultavam a Internet para saber de sua saúde e de seus sintomas nos anos 80, muito antes de existir o Dr. Google.

Atualmente a maioria dos pacientes em clínica privada utiliza a web, e pelo menos ¾ deles checam informações de saúde online. Ainda, 75% deles disseram numa pesquisa recente que “sua última pesquisa de saúde na Internet afetou diretamente como decidiram tratar sua doença”.

A Internet é deveras tão onipresente que os pesquisadores não tiveram dúvida em afirmar que “o Google foi de fato a segunda opinião” para pacientes que queriam mais informações após um diagnóstico.

Porém, chamar apenas o Dr. Google pode fazer com que as pessoas percam um cabedal de informações. Às vezes a adição de uma palavra faz toda a diferença. Por exemplo, digitar o nome de um reumatismo, como lupus, traz uma lista de sítios com informações sobre a doença. Adicionando a palavra comunidade faz com que um mundo totalmente novo se abra, com várias páginas de chats e troca de experiências entre pessoas com a doença. Assim, os pacientes não estão apenas aprendendo sobre sítios na Internet, eles estão aprendendo com outros pacientes – a própria democratização do cuidado à saúde.

Há locais da Internet que permitem o acesso à troca de informações de casos muito específicos, e mesmo raros, o que antes era impossível. Por exemplo, um homem com artrite reumatóide e feridas na perna, com 60 anos de idade, pode encontrar outros indivíduos com sintomas similares e tomando a mesma combinação de remédios.

SITES MÉDICOS

O número de sítios com informações médicas vem aumentando dramaticamente dentro de 5 categorias. Embora a maioria ainda apenas em inglês, os sites em português, brasileiros, vêm aumentando em número e qualidade.

1) Interesse geral: webmd.com, health.discovery.com, nytimes.com/health, mayoclinic.com, hospitalmoinhos.org.br, einstein.br, hospitalsiriolibanes.org.br.

2) Pesquisas médicas, principalmente sítios em inglês como o PubMed e o Cochrane Library, mas também o Scielo com várias publicações brasileiras para pesquisadores e médicos: ncbi.nlm.nih.gov/pubmed, apa.org/psycinfo, scielo.br, cochrane.org.

3) Grupos de pacientes, como o do GRUPAL, Associação de Pacientes com Esclerodermia e outros: grupal.org.br, anapar.org.br, grupasp.org.br.

4) Doenças específicas, em sites como o da Sociedade Brasileira de Reumatologia: reumatologia.com.br, reumatoguia.com.br, abcdasaude.com.br, msdonline.com.br, asclero.org.br (esclerodermia).

5) Ferramentas de apoio: patientslikeme.com, shef.ac.uk/FRAX (osteoporose), índice BASDAI para espondilíticos (http://www.basdai.com/BASDAI.php#result)

Mas a informação é confiável?

Os sítios com fóruns de pacientes devem ser olhados com cuidado, eis que existe muita hipocondria, oferta de remédios miraculosos, interesses comerciais excusos, e muita desinformação. As informações online são confiáveis?

Recentemente uma publicação da revista científica Cancer olhou 343 páginas da web sobre dada doença. Os pesquisadores encontraram 41 citações equivocadas em 18 sites, uma taxa de erro de 5,2%. Já sites que promovem medicina alternativa tinham taxa de erro 15 vezes maior, vários com interesses comerciais.

Mas uma boa nova: o site de inovação médica Health 2.0 diz que as informações médicas na Internet podem se corrigir automaticamente com o tempo. “Ao final, quanto mais pessoas entram em uma conversação pela Internet, melhores e mais corretas informações suplantam aquelas de má fé ou simplesmente equivocadas”, diz o mentor do site.

 

Hérnia discal lombar: os pontos mais importantes.

Público alvo: técnico.

Na edição de hoje do NEJM, os pontos-chave para reconhecimento e conduta desta comum situação na prática clínica. Muito importante, 87% dos pacientes não necessitam cirurgia.

KEY CLINICAL POINTS

Herniated Lumbar Intervertebral Disk

  • Herniated lumbar disks are the leading cause of sciatica, but they also are detected on imaging (MRI or CT) in asymptomatic persons.

  • The natural history of herniated lumbar disks is favorable. One study showed that without surgery, pain decreases in approximately 87% of patients within 3 months.

  • MRI or CT is indicated in patients with persistent sciatica that lasts 4 to 6 weeks and in whom epidural glucocorticoid injections or surgery are being considered.

  • Oral medications and supervised exercise provide slight relief of symptoms. Epidural glucocorticoid injections are an option for patients with severe persistent sciatica, but they do not reduce rates of subsequent surgery.

  • Patients with severe or progressive neurologic deficits require a referral for surgery. Elective surgery is an option for patients with congruent clinical and MRI findings and a condition that does not improve within 6 weeks. The major benefit of surgery is relief of sciatica that is faster than relief with conservative treatment, but results of early surgical and prolonged conservative treatment tend to be similar at 1 year of follow-up. Patients and physicians should share in decision making.

Referência
Herniated Lumbar Intervertebral Disk. Richard A. Deyo, M.D., M.P.H., and Sohail K. Mirza, M.D., M.P.H. N Engl J Med 2016; 374:1763-1772. May 5, 2016 DOI: 10.1056/NEJMcp1512658