Idosos com COVID-19 apresentam sintomas incomuns

Confusão, letargia ou tontura podem ser de vírus, dizem médicos.

Os idosos com COVID-19, doença causada pelo coronavírus, apresentam vários sintomas “atípicos”, complicando os esforços para garantir que eles obtenham tratamento oportuno e adequado, segundo os médicos.

O COVID-19 é tipicamente sinalizado por três sintomas: febre, tosse insistente e falta de ar. Mas os idosos – a faixa etária com maior risco de complicações graves ou morte por essa condição – podem não ter nenhuma dessas características.

Em vez disso, os idosos podem parecer “desligados”, não agindo como eles mesmos, logo após serem infectados pelo coronavírus. Eles podem dormir mais do que o normal ou parar de comer. Eles podem parecer extraordinariamente apáticos ou confusos, perdendo a orientação para o seu entorno. Eles podem ficar tontos e cair. Às vezes, os idosos param de falar ou simplesmente entram em colapso.

Com muitas condições médica associadas, os idosos não se apresentam de uma maneira típica, e estamos vendo isso com o COVID-19 também. A razão tem a ver com a forma como o corpo dos mais velhos respondem a doenças e infecções.

Em idades avançadas a resposta imune de alguém pode estar diminuida e sua capacidade de regular a temperatura pode ser alterada. Doenças crônicas subjacentes podem mascarar ou interferir com sinais de infecção. Algumas pessoas mais velhas, seja por alterações relacionadas à idade ou problemas neurológicos anteriores, como um AVC, podem ter alterado os reflexos da tosse. Outros com comprometimento cognitivo podem não ser capazes de comunicar seus sintomas.

Reconhecer sinais de perigo é importante: se os primeiros sinais de COVID-19 forem perdidos, os idosos podem se deteriorar antes de receber os cuidados necessários. E as pessoas podem entrar e sair de suas casas sem medidas de proteção adequadas, arriscando a propagação da infecção.

Aqui o exemplo real de um homem de 80 anos tratado em meados de março de 2020. Durante um período de dias, esse paciente — que tinha doença cardíaca, diabetes e comprometimento cognitivo moderado — parou de andar e ficou incontinente e profundamente letárgico. Mas não tinha febre ou tosse. Seu único sintoma respiratório: espirrar eventualmente.

A esposa idosa do homem ligou duas vezes para o telefone de emergência. Nas duas vezes, os paramédicos verificaram seus sinais vitais e declararam que estava bem. Depois de outra chamada preocupada do cônjuge sobrecarregado, o clínico da família insistiu que o paciente fosse levado para o hospital, onde deu positivo para COVID-19.

“Eu estava bastante preocupado com os paramédicos e assistentes de saúde que estavam na casa e que não tinham usado equipamento de proteção individual”, disse o médico da família. “Foi surpresa o teste vir positivo para o Coronavírus”.

Outros médicos descrevem o tratamento de idosos que inicialmente parecem ser pacientes de trauma, mas são encontrados com COVID-19. “Eles ficam fracos e desidratados”, dizem eles, “e quando estão para andar entram em colapso e se ferem muito.” Há muitos idosos profundamente desorientados e incapazes de falar e que parecem ter sofrido derrames. “Quando os testamos, descobrimos que o que está produzindo essas mudanças é um efeito central do Coronavírus no cérebro ” afrimam os médicos.

Laura Perry, professora assistente de medicina na Universidade da Califórnia em São Francisco, viu um paciente assim há várias semanas. A mulher, na casa dos 80 anos, tinha o que parecia ser um resfriado antes de ficar muito confusa. No hospital, ela não conseguia identificar onde estava ou ficar acordada durante um exame. Perry diagnosticou delírio hipoativo, um estado mental alterado no qual as pessoas ficam inativas e sonolentas. O paciente deu positivo para coronavírus e ainda está na UTI.

Dr. Anthony Perry, professor associado de medicina geriátrica no Rush University Medical Center, em Chicago, conta sobre uma mulher de 81 anos com náuseas, vômitos e diarreia que teve teste positivo para COVID-19 no pronto-socorro. Depois de receber fluidos intravenosos, oxigênio e medicação para sua perturbação intestinal, ela voltou para casa após dois dias e está indo bem.

Outro paciente de 80 anos com sintomas semelhantes – náuseas e vômitos, mas sem tosse, febre ou falta de ar – está na UTI após receber um teste COVID-19 positivo, tendo que ser colocado em um ventilador. A diferença? Este paciente é frágil com “muitas doenças cardiovasculares”, disse Perry. Fora isso, ainda não está claro por que alguns pacientes mais velhos se sairão bem enquanto outros não.

Até agora, relatos de casos como esses foram anedóticos (isolados). Mas alguns médicos estão tentando coletar informações mais sistemáticas.

Na Suíça, o Dr. Sylvain Nguyen, geriatra do Centro Hospitalar da Universidade de Lausanne, montou uma lista de sintomas típicos e atípicos em pacientes mais velhos do COVID-19 para um artigo a ser publicado na Revue Médicale Suisse. Na lista atípica estão alterações no estado habitual do paciente, delírio, quedas, fadiga, letargia, pressão arterial baixa, deglutição dolorosa, desmaio, diarreia, náusea, vômito, dor abdominal e perda de olfato e paladar.

Os dados vêm de hospitais e asilos na Suíça, Itália e França, disse Nguyen em um e-mail.

Na linha de frente, os médicos precisam ter certeza de avaliar cuidadosamente os sintomas de um paciente mais velho. “Embora tenhamos que observar alta suspeição de COVID-19 porque é tão perigoso na população mais velha, há muitas outras coisas a considerar”, dizem os médicos consultados para este artigo. Idosos também podem se sentir mal porque suas rotinas mudaram. Nos asilos e na maioria dos centros de convivência assistidos, as atividades pararam e “os moradores vão ficar mais fracos e mais descondicionados porque não estão caminhando de e para o refeitório”.

Em casa, idosos isolados podem não estar recebendo tanta ajuda com o gerenciamento de medicamentos ou outras necessidades essenciais de familiares que estão mantendo distância, sugeriram outros especialistas. Ou podem ter se tornado apáticos ou deprimidos.

“Eu gostaria de saber: ‘Qual é o potencial que essa pessoa teve de uma exposição (ao coronavírus), especialmente nas últimas duas semanas?’ “, disse um especialista. Eles têm pessoal de saúde domiciliar chegando? Eles se reuniram com outros membros da família? As condições crônicas estão sendo controladas? Há outro diagnóstico que parece mais provável?

Referência

https://enewspaper.sandiegouniontribune.com/desktop/sdut/default.aspx?edid=1a14ecca-da55-465a-b0ac-5938d6a7fa31

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