O FDA (Food and Drug Administration) dos EUA ainda não autorizou o uso de testes de neutralização para SARS-CoV-2. Os testes de neutralização determinam a capacidade funcional dos anticorpos para prevenir a infecção do vírus in vitro. O teste envolve a incubação de soro ou plasma com vírus vivo, seguido de infecção e incubação de células. Os testes exigirão laboratórios de nível biológico BSL-3 ou BSL-2, dependendo da forma do vírus SARS-CoV-2 usada.
Para se ter imunidade futura após infecção pelo SARS-COV-2 é necessário que haja formação de anticorpos do tipo IgG, o que pode ser facilmente testado em laboratórios comerciais. No entanto, o fato de se ter anticorpos IgG não necessariamente significa que eles esteja de fato combatendo e aniquilando o vírus. Outras doenças existem em que há grande formação de anticorpos IgG, porém eles não são protetores, como na tuberculose e na infecção por HIV.
(Atenção: este é um texto técnico).
Dois tipos de testes de neutralização são realizados:
- Os testes de neutralização de vírus (VNT), como o teste de neutralização para redução de placas (PRNT) e a microneutralização, usam um vírus SARS-CoV-2 de um isolado clínico ou proteínas repórteres que expressam SARS-CoV-2 recombinante. Este teste requer laboratórios BSL-3 e pode levar até 5 dias para ser concluído.
- Os testes de neutralização de pseudovírus (pVNT) usam pseudovírus recombinantes (como o vírus da estomatite vesicular, VSV) que incorporam a proteína S da SARS-CoV-2. Este teste pode ser realizado em laboratórios BSL-2, dependendo da cepa de VSV usada.
A cinética da resposta do anticorpo, a longevidade dos anticorpos, a capacidade de os anticorpos protegerem contra infecções repetidas, o título protetor do anticorpo neutralizante e a correlação dos títulos de anticorpos de ligação à capacidade de neutralização ainda não foram determinados.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) “com base nas informações fornecidas pela Gerência de Produtos para Diagnóstico in vitro (Gevit)”, área técnica afeta ao assunto, informou que não há produtos para diagnóstico in vitro registrados com a finalidade de “testes de neutralização para COVID-19”.
Referências
FDA, CDC e ANVISA. Texto encaminhado pelo Dr. Carlos David Bichara, Laboratório Amaral Costa em Belém do Pará, a quem agradeço.
