Saiu hoje nos Estados Unidos resultados de pesquisa anual sobre as especialidades com maiores problemas judiciais, em levantamento do site Medscape. Foram 4360 médicos entrevistados em 29 especialidades médicas. Veja abaixo:
1. Cirurgia geral
2. Urologia
3. Otorrinolaringologia
4. Obstetrícia e Ginecologia
5. Cirurgia especializada (neurocirurgia, ortopedia, etc)
6. Radiologia (intervencionista)
7. Medicina de Emergência
8. Cardiologia
9. Gastroenterologia
10. Anestesiologia
De imediato pode-se notar que são especialidades onde os procedimentos intervencionistas são mais praticados e necessários.
Quais os motivos das ações na justiça? Veja a seguir:
– falha no diagnóstico ou sua demora 33%
– complicações de cirurgia ou tratamento 29%
– maus resultados ou progressão de doença 26%
– falha em tratar ou demora no tratamento 18%
– morte por falha médica 16%
– lesão ou injúria anormal 11%
– falha na documentação de instrução e educação do paciente 4%
– erro na administação de remédios 3%
– falha em seguir procedimentos de segurança 2%
– falta de consentimento informado 1%
– outros 11%
Fácil de se observar que a soma está acima dos 100%, ou seja, vários pacientes ou seus familiares entram com ações alegando mais de um tipo de problema. As alegações são as mais variadas, como estas:
“Fiz um procedimento e após 4 semanas retirei a ponta de uma agulha que quebrou e estava no ferimento, o paciente me acionou na justiça”, disse um alergista/imunologista.
“Após a prótese de quadril ficou uma diferença de 0,6 cm no comprimento de uma perna em relação à outra. O paciente entrou com ação indenizatória porque diz ter sido prejudicado na atividade sexual com sua esposa”, afirmou um ortopedista.
Mais da metade dos médicos envolvidos disseram ter sido pegos de surpresa pelas ações judicias (52%), mas 14% não se impressionaram em nada com o acontecido. Outros 34% ficaram “de certa forma surpresos”.
A grande maioria dos médicos achou-se injustiçada (83%) com as queixas dos advogados; 11% não estavam seguros se os processos eram justificáveis e 6% responderam que estava correto terem sido processados. Um médico de família assim justificou seu posicionamento: “As complicações poderiam ter sido completamente evitadas se o paciente tivesse seguido as orientações fornecidas por mim”.
Embora 36% das ações tenham sido concluidas com acordo entre as partes, em quase metade dos casos o ganho foi do profissional médico: 47%. Vários casos permanecem em julgamento.
Por que os processos judiciais ocorrem contra os médicos? A opinião dos profissionais da Medicina é bem interessante:
– 71% acreditam que os pacientes não entendem os riscos envolvidos em procedimentos médicos
– 63% afiraram que os paciente entram na justiça para obter algum ganho e colocar a culpa no profissional
– 25% crêem ser resultado do marketing promovido por advogados
– 23% têm certeza que pacientes querem ganhar dinheiro fácil
– 9% afirmam que os próprios médicos e os hospitais cometem muitos erros.
Pelo menos a metade dos médicos entrevistados acredita que um melhor relacionamento com o paciente e mais tempo dedicado à explanação das condutas e procedimentos teriam evitado o processo judicial.
Será muito diferente no Brasil?